O fracasso diante do sucesso para psicanálise
- larissadearaujo1
- 26 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de set. de 2024
Para além dessa dualidade entre sucesso e fracasso como opostos, há a possibilidade de que um venha seguido do outro. Provavelmente você já vivenciou essa cena, quando a pessoa está próxima de atingir algo ou quando a sua vida está organizada, e então vem um tsunami e não é possível concretizar os planos. Um fracasso.
No texto “Arruinados pelo êxito”, publicado em 1916, Freud se perguntou por que as pessoas não conseguiam sustentar a felicidade. Mostrou que existe uma relação entre o sucesso das pessoas e a doença psíquica. Para o psicanalista, era surpreendente e até mesmo atordoante, descobrir que muitos adoeciam no momento em que um desejo profundamente enraizado e, há muito alimentado, estava prestes a se tornar realidade.
É como se as pessoas não fossem capazes de tolerar sua felicidade. É como se a pessoa encarnasse a expressão de senso comum ''Quem nasceu para ser prego, jamais chega a ser martelo.''
Para Lacan, o sucesso, enquanto realização de um objetivo, não é apenas a conquista de algo concreto; ele apresenta diversas significações, entre elas como a pessoa vai ser vista quando atingir esse sucesso, com quais demandas sociais e familiares ela vai precisar lidar nesse momento.
Em outras palavras o sucesso pode trazer consigo a questão do "o que o Outro quer de mim?" ou "o que o Outro espera que eu seja?". O fracasso, então, pode se manifestar como uma recusa inconsciente de corresponder a essas expectativas, uma resistência à identificação com o que o Outro demanda ou um modo de afirmar um lugar subjetivo próprio que não esteja plenamente colonizado pelo desejo do Outro.
Além disso o sucesso pode ser barrado por um sentimento de culpa, que faz com que as pessoas não se autorizem diante dele. O patinar no fracasso alimenta esse sentimento de culpa, levando a pessoa a acreditar que ela não seria capaz ou não mereceria aquilo que ela deseja.
Como sair desse ciclo vicioso? Se, sozinha, a pessoa não consegue remar contra a maré, uma análise pode ajudá-la a sustentar o seu desejo e dar consequência a ele. Sabendo da preciosidade do tempo, o analista dirige uma análise de modo a fazer com que o sujeito se confronte com o desejo e se atenha a ele como um meio de vida.
O desejo está do lado do novo; do lado da vida e não da morte.
